Série
Na Irlanda, a estratégia é o confinamento
Medidas de restrição da locomoção são aplicadas e preveem multa a quem descumpri-las
Com uma população estimada em 4,9 milhões de pessoas a Irlanda adotou o lockdown, fechamento total, como medida para tentar conter a disseminação do coronavírus entre a população do país. As ações demonstram resultado, principalmente se comparadas com o território vizinho, o Reino Unido, que soma mais de 190 mil casos confirmados da Covid-19, com mais de 28,7 mil mortes até o momento, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A atualização divulgada pelo governo Irlandês na segunda-feira (14), mostrou que o país conta com 21.772 casos confirmados e 1.319 mortes pela doença causada pelo novo coronavírus. Nesse sentido, um pelotense morador de Dublin relata como as ações do governo local influenciaram na conscientização da população sobre as medidas necessárias contra o coronavírus.
“A Irlanda certamente agiu bem, mas poderia ter sido bem melhor”, relata o pelotense Felipe Teixeira, 37 anos, que mora na capital irlandesa há pouco mais de um ano. Para ele, que é biólogo e antropólogo, o governo do país já poderia ter aplicado ações quando o número de casos já estava crescendo em outros países do continente europeu, como Itália e Espanha. O primeiro caso confirmado da doença na Irlanda foi registrado em 28 de fevereiro. Com o aumento no número de casos, o governo Irlandês passou a implementar medidas restritivas, como o fechamento de instituições de ensino, a partir de 12 de março. Desde então, determinou o fechamento de outros estabelecimentos, como bares e restaurantes, até o confinamento da população, em 27 de março, que foi prorrogado em 10 de abril, e continua válido até o próximo dia 18 de maio. São permitidas saídas somente em casos como a compra de alimentos ou remédios, para trabalho considerado essencial, consultas médicas, razões vitais de família e para a prática de exercícios até 2 quilômetros de casa. Teixeira lembra que, em caso de descumprimento, os cidadãos estão sujeitos ao pagamento de multa no valor de 2500 euros, cerca de R$ 15,4 mil.
No país europeu com um visto que o permite estudar e trabalhar por 20 horas semanais, Teixeira atuava como vendedor de serviços de eletricidade e gás, de porta em porta, função que foi suspensa devido à chegada do novo coronavírus no país. Nesse período, Teixeira vêm recebendo um auxílio do governo no valor de 350 euros por semana, destinado aos trabalhadores que foram demitidos ou tiveram os trabalhos interrompidos por conta da pandemia. “Isso é uma coisa que faz toda diferença”, afirma, o pelotense, lembrando que, com o dinheiro, consegue pagar o aluguel e custear a alimentação. O pelotense lembra que a pandemia também promoveu alterações importantes na rotina da população, como o cancelamento das celebrações do Saint. Patrick’s Day, que ocorreriam em 17 de março. “Saint Patrick é muito importante para eles”, ressalta Teixeira, destacando a relevância da data. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro do país, Leo Varadkar em 9 de março, quando havia 34 pessoas confirmadas com a Covid-19 no país.
Com essas medidas, o pelotense cita que a população, com algumas exceções, passou a ter consciência da gravidade da situação, e começou a exercer as práticas de distanciamento social, respeitando as medidas aplicadas pelo governo. “Estão investindo forte na conscientização e está dando certo”, afirma. Nascido e criado em Pelotas, ele lembra que criou raízes no município e com o auxílio da internet mantêm contato com amigos e familiares que ficaram no Brasil. Apesar disso, Teixeira demonstra preocupação em relação à atitude dos brasileiros em relação às medidas necessárias para evitar as infecções pelo vírus.
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